domingo, 22 de dezembro de 2013

Autumn - Invernada IX

Quando deixei a cantina já estava quase na hora do almoço, notei que tenho a incrível capacidade de parar com qualquer coisa que aparentemente me fizesse sofre um pouco mais, até o momento não conhecia ninguém com essa minha capacidade evolutiva aprimorada. Sofrer.  Por vezes acredito que sou a garota tordo de uma das trilogias que já li, ela também conseguiam isso, perceber que as coisas quando pareciam estar melhores... Vinha seu melhor amigo e explode sua irmã. Queria eu que alguém explodisse meu irmão. 
- Maxi! - La vem ela.  A vampira sugadora de felicidade, como se eu tivesse alguma para ser sugada. 
- Moon... - Revirei os olhos enquanto ainda não me encontrava com a criatura de cabelo cinzento e olhos azuis. Bonita, porem um dementador, é eu sei o que ela esconde por detrás dessas roupas de palhaço. Eu sorri, ela me biliscou. 
- Ai. - Gemi em vão. 
- Você esta vivo. Legal isso não acha? - Ela ri. Suspira e me joga uma rosa que estava segurando. Ela estava seca e morta, com um cartão de feliz aniversário pendurada. 
- Para você. - Então ela some. 
- Obrigado. - Disse então arrancava o cartão  da fita que o prendia na rosa. Engraçado como as pessoas tentem a se preocupar com você quando esta meio morto ou seria um meio vivo? No cartão de aniversário estava escrito melhoras de Alex e Alicia, mais embaixo a frase sem graça de cartões de aniversário, "mais um ano de vida", "muitos anos de felicidade" e " um viva  para esta data tão especial." Eu não li, fiquei meio encucado com o Alex e Alicia no começo do cartão.  Realmente devo ter dormido por tempo, muito tempo. Alex e Alicia. Alguma coisa fez meu estomago embrulhar. 
- Amélia e Ofélia estão tramando alguma coisa. - Balancei a cabeça em concordância. 
- Com quem está falando? - Oliver só sabe aparecer nas piores horas. 
- Comigo mesmo. - Murmurei jogando o cartão no lixo e virando para ele. Ele estava de pijama e de pés descalços. Sei lá, é estranho. Ele sorri como se soubesse como é falar sozinho. Pelo menos isso, talvez alguém que me entenda. 
- Quem manda rosas negra para alguém? - Ele sorri. 
- Já estou acostumado com esse tipo de gentileza. - Balancei a cabeça. Acabei por dar a rosa para Oliver, notei que ele não havia ganhado nada, nem mesmo um cartão de melhoras. Ele não falou nada, acho que percebeu que estava tentando ser um cara legal. Mesmo o dando uma rosa negra. 
- O que estava fazendo? - Ele pergunta. 
- Sendo sugado por um dementador com olhos azuis. - Comecei a andar, estávamos perto da capela que tinha dentro do hospital, nossa, acho que era uma das primeiras vezes que estou afim de entrar naquela coisa, a ultima vez que fui quando me perdi. Acho que já faz algumas meses, longos e perdidos meses. 
- Duvido muito que um dementador possa te sugar, depois de hoje. - Ele fala, acho que nem pensou no que tinha dito, pois ele virou o olhar para mim e percebi a expressão de um "eu não queria."
- Concordo. - Respirei fundo. - Mas Moon faz milagre. - Ri. 
- A garota que tem o cabelo cinza? - Ele pergunta. Acho que ele não sabia quem era exatamente o dementador do hospital. Creio que em todos os hospitais do mundo deve haver uma Moon da vida, nunca envelhece, olhos azuis e que só falta ser diretora do hospital. 
- Ela tem quase cinquenta anos, cara. - Por algum motivo eu ri. Pareceu tão bobo e sem sentindo minha frase. Acho que é verdade o que dizem, que quanto mais triste estamos mais rimos de coisas simples. 
- Sério? - Ele volta a arquear a sobrancelha que não tem. 
- Não. Mas.... Deve ser quase uns trinta. - Balancei a cabeça. 
- Uau. - Ele ri. 
- Bem vindo ao Saint Autumn, onde as pessoas nunca são o que parecem. -  Falei notando que estávamos a alguns passos da capela. 
- Então quer dizer que você não é assim? - Ele pergunta. Sua pergunta foi boa, acho que boa até demais. 
- Não. Digo, sou. Sei lá. - Acho que, não. Sinceramente não sei responder isso, este tipo de pergunta que eu mesmo levo as pessoas a fazer. Então isso seria um talvez? Digo, talvez eu não seja o que pareço ou eu só não sei como pareço para depois saber o que pareço. Esta questão levantada começou a me dar dor de cabeça. Afinal eu sou ou não sou eu. 
- Você é estranho. - Ele comenta quando simplesmente me deixa caminhando sozinha, entrou na capela e depois deu uma batida na porta para chamar minha atenção. Eu estava naquele de ser ou não ser eis a questão, mas a questão no final das contas levaria ao existencialismo, não? Bom, ser esta parecendo tão indecifrável. Espero não ver o único com questões dessas em mente. 
- Obrigado. - Murmurei por fim. Ser um ser estranho. É muito ser em uma frase só para saber o que esta coisa, "ser" realmente significa. 

 Oliver se senta em uma das fileiras, eu sento em uma antes dele quase atrás. Percebi então que ele tinha uma marca na nuca, parecia algo feito por um bisturi ou coisa do genero. Ele então vira o rosto para mim e me olha com aqueles olhos com um brilho estranho. Acho que percebi pela primeira vez desde que o conheci que ele tem olhos tristes e que brilham no escuro que os envolvem. Ele me olha sério e coloca o braço por cima do banco. 
- Você acredita? - Ele continua me olhando. Por alguns instante fiquei me perguntando o porque de tanta tristeza em olhos tão lindos. Não tinha entendido sua pergunta até me tocar que estávamos em um lugar que parecia uma igreja, com velas acesas em um canto e um cara crucificado no meio e uma bíblia a sua frente. Balancei a cabeça, depois a enclinei para frente ficando perto de sua face.
- As vezes. - Disse em um tom baixo. - E você? - Dei um suspiro de leve, percebendo que ele estava olhando para os meus lábios. Levemente os mordi. Foi espontâneo. 
- As vezes. - Ele sorri. Percebi que até mesmo quando sorriso seus olhos dizem o contrario, como se ele estivesse mentindo com os lábios. Percebi também, que ele consegue ferir meu coração com os olhos. Decidi então não olhar mais em seus belos olhos negros.