sábado, 21 de dezembro de 2013

Autumn - Invernada VII

Ele passou a mão pelo cabelo lentamente, mordeu o canto dos lábios, e virou o olhar para meu reflexo. Percebi neste exato momento que ele iria contar alguma coisa. É fácil identificar quando alguém esta escondendo alguma coisa. Como não percebi isso antes? Era obvio.
- Hm... - Ele fez aquilo de novo. E provavelmente iria fazer novamente, aquele não sei ainda não desceu por minha garganta, e provavelmente ela ira ficar um pouco mais apertada quando o garoto por quem eu me apaixonei dizer o que tem para dizer. Ele respirou fundo. Uma vez lembrei que prometemos não mentir e toda aquela palhaçada de gente apaixonada, e eu acreditei. 
- Max.... - Ele começou, mas antes, virou e se sentou comigo no chão, se escorou na parede, percebi que ele não sabia como iria começar. Eu o olhei com os olhos embriagados balancei a cabeça, como quem queria ouvir uma verdade desse tipo. Ele pegou em minha mão, pela primeira vez desde que me lembre suas mãos estavam um pouco quentes. 
-  Quando vim aqui te ver, já faz algum tempo, conheci uma garota. - Começou, balancei a cabeça fingindo entender, mas ainda tinha alguma coisa trancando minha garganta. Ele continuou. - Não sei como aconteceu, eu só.. Me aproximei dela demais, começamos a contar coisas e tal. Quando vi já estava gostando. - Acho que nessa parte eu parei de escutar as coisas que ele dizia. Isso me lembrou algo, algo que eu realmente não esperava. 
- Ta. - Disse sentindo meu maxilar travando aos poucos. Esse "ta" disse tanta coisa, inclusive que eu estava sem aquele gosto estupido de quem estava querendo ser amado, que sentir pena era um descaso, pois pode vir alguém e lentamente quebrar alguma coisa que você tanto tomou cuidado para manter intacto. 
- Não sei como aconteceu. Apenas aconteceu. - Eu tinha entendido, mas ele não percebeu. 
- Tudo bem. - Disse. 
- Mesmo? - Acho que ele estava pensando que era verdade. 
- Uhm. - Murmurei por fim.
Foi então que percebi que quanto tempo passamos com pessoas uma hora ou outra elas costumam desaparecer com o tempo. E também o que realmente leva alguém a ficar com nós durante um período de tempo, quando vi percebi que guardamos coisas dos outros com nós, talvez o medo de se perderem façam-nas tentar fingir amizade ou coisa. Percebi depois que ele me deu um beijo na testa e levantou que  algumas pessoas sabem simplesmente abrir a porta e sair deixando-a aberta. 
 Foi exatamente o que ele fez. Jon, alguém que eu conversava sobre ter filhos, é filhos, casar e ter uma família, é família, simplesmente me deixou ali, sentado. Eu sorri e fingi ser a pessoa mais compreensiva do mundo. O único problema é que ele deixou o seu cheiro comigo, assim como uma parte de si. Eu deixei alguma coisa com ele, agora se alguma vez ele irá aproveitar isso eu simplesmente não sei.
 Isso me lembra uma coisa, tenho que dar fim em Evan, o pior psicologo do mundo. Ele sabia de tudo, e nem ao menos me contou. É, E., tem que morrer.